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A mostrar mensagens de fevereiro, 2021

Souza Cardoso: Realidade e Promessa que a pandemia levou.

Amadeo de Souza-Cardoso mudou-se para Paris em 1906. Tinha 19 anos e queria continuar os estudos de arquitectura que tinha iniciado em Lisboa. A vibração do meio artístico parisiense afectou radicalmente o seu destino, conduzindo-o para o caminho da pintura. Em 1907, impressionado pelos desenhos que recebeu de Paris, o escritor Manuel Laranjeira (1877-1912) já saudava o seu jovem amigo como "um artista no sentido absoluto da palavra". Amadeo nasceu na quinta dos seus pais em Manhufe, Amarante (Portugal), em 14 de Novembro de 1887. Cresceu entre nove irmãos, numa família rica de proprietários rurais. Passou a sua infância entre a casa em Manhufe e as estâncias de verão na praia de Espinho. Lá conheceu Manuel Laranjeira, uma amizade que foi decisiva para alimentar a prática do desenho, que Amadeo desenvolveu em Lisboa como parte dos estudos preparatórios em Architecutre na Academia de Belas Artes de Lisboa. Isto foi em 1905. A viagem a Paris, em Novembro do ano seguinte, em com

Silva Porto: Homem e Natureza, a harmonia perfeita.

Antonio Carvalho da Silva Porto (1850-1893), considerado a figura maior da pintura naturalista portuguesa do século XIX, deixou-nos uma obra onde o Homem e a Natureza se encontram, em harmonia, numa relação marcada pelo sentimentalismo e pela fidelidade à realidade do campo. Atravessado por uma forte instabilidade política, Portugal era em meados do século XIX um palco de contradições e dúvidas. A industrialização tardava em arrancar, a burguesia não acertava o passo com as suas congéneres europeias e o País atrasava-se irremediavelmente face às novidades vindas do estrangeiro.                                         Entretanto em Paris, conduzida pelos pintores de Barbizon vivia-se uma rebelião contra o academismo vigente nas artes. Estes artistas reivindicavam a representação dos afazeres do homem simples, através da pintura praticada ao ar livre, numa aproximação humilde aos motivos da natureza. Um dos acontecimentos que simbolizou a sua afirmação verificou-se quando Gustave Courb

“O Balanço”, Jean H Fragonard, 1768

No século XVII alguns filósofos afirmavam que a razão, e não a autoridade, seria a única fonte do conhecimento. Mas foi no século XVIII que o absolutismo e o poder da igreja começaram a ser de fato questionados. A ideia de que a razão seria a fonte da autoridade e da legitimidade, os pensadores iluministas acrescentaram os ideais de liberdade, progresso, fraternidade, tolerancia, laicidade e governo constitucional. Essas noções se opunham `a doutrina dogmática da igreja, como a infalibilidade do papa. Na capital francesa, a nobreza estabeleceu contato com uma classe média composta de comerciantes, banqueiros e homens de negócios que, por nascimento, não pertenciam `a nobreza. Mas, graças `a riqueza que possuíam, tinham condições de apadrinhar artistas habilidosos, o que les dava prestígio para serem aceitos pela nobreza. A arte que a burguesia francesa passou a apreciar e financiar caracterizou-se como uma reação ao barroco suntuoso e solene de Luis XIV e foi denominad

Amedeo Modigliani, inconfundível.

  A simplicidade das linhas e a pureza dos rostos nos retratos do pintor italiano Amedeo Modigliani deram às suas criações uma inspiração singular, e hoje é reconhecido como uma das grandes personalidades da pintura no início do século XX.                                                                         (detalhe) Modigliani nasceu a 12 de julho de 1884 em Livorno, Itália, numa família judaica de pequenos comerciantes. Devido à sua saúde precária teve de renunciar a uma educação convencional, e foi então que começou a estudar pintura na sua cidade natal (na Escola de Belas Artes, com Guglielmo Micheli), e mais tarde em Florença e Veneza. Em 1906 mudou-se para Paris, onde frequentou círculos artísticos e literários (era amigo de Maurice Utrillo e Pablo Picasso) e foi muito influenciado por Henri de Toulouse-Lautrec, Picasso, Georges Braque e Paul Cézanne. As suas primeiras pinturas mostram a influência dos Macchiaioli, mas mais tarde interessou-se pelos movimentos modernistas,

Berthe Morisot, mais que graça feminina...

  Berthe Morisot nasceu em Bourges, França, em 1841. A sua família mudou-se para Paris quando ela tinha 11 anos, e como era costume para as filhas de famílias ricas - ela teve aulas particulares de arte com Joseph Guichard, um pintor francês. Além de a ajudar a melhorar as suas capacidades técnicas, Guichard apresentou Morisot à cena artística parisiense, introduzindo-a a artistas estabelecidos como Jean-Baptiste-Camille Corot e Édouard Manet, de quem ela se tornou parente ao casor com o seu irmão mais novo, Eugene. Morisot também conheceu outros artistas enquanto trabalhava como copista no Louvre, e em meados da década de 1860 fazia parte do círculo de artistas parisienses em ascensão. Embora Morisot acabasse por se tornar famosa pelas suas pinturas a óleo, no início ela também desenhava e fazia esculturas. No entanto, muitas destas peças não sobreviveram. Trabalhando sob a crença de que ela era "incapaz de fazer nada correctamente", Morisot destruiu várias das obras que e

Mary Cassatt, a voz feminina do impressionismo.

  Educada na cultura francesa devido à sua origem familiar, Mary Cassatt passou os primeiros anos da sua infância em Paris, e depois regressou aos Estados Unidos. Pouco antes da Guerra Franco-Prussiana de 1870 regressou a Paris, sem dúvida na esperança de aprender a pintar em condições mais interessantes do que as existentes na Academia de Belas Artes da Pensilvânia.                                                                      Primavera, 1900 Descontente com os estudos no Atelier Chaplin, foi procurar inspiração em museus em Itália (onde estudou a obra de Correggio), Espanha e Antuérpia (onde desenvolveu uma admiração por Rubens). Foi em Antuérpia, alguns anos depois, que conheceu Degas, que lhe sugeriu que expusesse com os impressionistas, e também lhe deu orientações e conselhos. É errado concluir disto que Mary Cassatt era uma estudante ou amante de Degas. Embora Degas tivesse um ódio confirmado às mulheres, ele cedeu um pouco a ela, e embora ela o admirasse muito, e um c