Avançar para o conteúdo principal

Velocidade de Cruzeiro

 


Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas nasceu em 1920 e deixou-nos a menos de 1 mês de completar 100 anos de vida. Celebrando o centenário do seu nascimento, a BNP apresenta “Velocidade de Cruzeiro”, uma exposição que reúne perto de 150 obras inéditas, a maioria delas produzidas entre os anos 40 e 70, e que fazem parte do espólio que o artista doou à Biblioteca Nacional de Portugal.
Considerado o último dos surrealistas portugueses, os seus desenhos de traços finos sempre foram fiéis a essa linguagem estética, que surgiu no início dos anos 20 com o intuito de transformar a sociedade e libertar o espírito. O homem que pintava, e a quem aborrecia a designação “pintor”, foi ainda ilustrador e poeta, com uma obra vasta e variada, mas sempre inconfundível, e deixou uma marca indelével no panorama cultural da sua geração.
Em 1993, Cruzeiro Seixas doou parte do seu espólio à BNP, onde se podem encontrar cartas recebidas, arquivos de imprensa, catálogos e folhetos publicados pelo Grupo Surrealista e mais de 400 desenhos e colagens representativos das várias expressões plásticas de sua obra.
“Velocidade de Cruzeiro”, exposição comissionada por Bernardo Pinto de Almeida, baseia-se nesse espólio. Patente até 27 de Agosto.




Mensagens populares deste blogue

Caspar Friedrich e o romantismo alemão

Caspar David Friedrich, 1774-1840 Em 1817 o poeta sueco Per Daniel Atterbon visitou o pintor alemão Caspar David Friedrich, em Dresden. Passados trinta anos, escreveu as suas impressões sobre o artista. “Com uma lentidão meticulosa, aquela estranha figura colocava as suas pinceladas uma a uma sobre a tela, como se fosse um místico com seu pincel”.                                                  O viajante sobre o mar de névoa, 1818. As figuras místicas e os génios brilhantes foram os heróis do Romantismo. Jovens com expressões de entusiasmo ou com os olhos sonhadores, artistas que morriam ainda jovens na consciência melancólica do seu isolamento social povoavam as galerias de retratos por volta de 1800.                                                            A Cruz na montanha, 1807. Friedrich afirmava frequentemente que um pintor que não tivesse um mundo interior não deveria pintar. Do mundo exterior vê-se apenas um pequeno extrato, todo o resto é fruto da imaginação do artista,

Fernando Botero, estilo e técnicas.

  As criações artísticas de Botero estão impregnadas de uma interpretação “sui generis” e irreverente do estilo figurativo, conhecido por alguns como "boterismo", que impregna as obras iconográficas com uma identidade inconfundível, reconhecida não só por críticos especializados mas também pelo público em geral, incluindo crianças e adultos, constituindo uma das principais manifestações da arte contemporânea a nível global. A interpretação original dada pelo artista a um espectro variado de temas é caracterizada desde o plástico por uma volumetria exaltada que impregna as criações com um carácter tridimensional, bem como força, exuberância e sensualidade, juntamente com uma concepção anatómica particular, uma estética que cronologicamente poderia ser enquadrada nos anos 40 no Ocidente. Seus temas podem ser actuais ou passados , locais mas com uma vocação universal (mitologia grega e romana; amor, costumes, vida quotidiana, natureza, paisagens, morte, violência, mulheres, se

José Malhoa (1855-1933), alma portuguesa.

Considerado por muitos como o mais português dos pintores, Mestre Malhoa retrata nos seus quadros o país rural e real, costumes e tradições das gentes simples do povo, tal qual ele as via e sentia. Registou, nas suas telas, valores etnográficos da realidade portuguesa de meados do séc. XIX e princípios do séc. XX, valendo-lhe o epíteto de ‘historiador da vida rústica de Portugal’. Nascido a 28 de Abril de 1855, nas Caldas da Rainha, José Victal Branco Malhoa é oriundo de uma família de agricultores. Cedo evidenciou qualidades artísticas. Gaiato, traquina, brincalhão, passava os dias a rabiscar as paredes da travessa onde vivia. Aos doze anos, o irmão inscreve-o na Academia Real de Belas-Artes. No fim do primeiro ano, a informação do professor de ornato e figura indicava “pouca aplicação, pouco aproveitamento e comportamento péssimo”. Porém, ele depressa revela aptidões que lhe dariam melhores classificações. Passava as tardes a desenhar os arredores de Lisboa, sobretudo a Tapada