Jean-François Millet (4 de Outubro de 1814 – 20 de Janeiro de 1875) foi um pintor realista e um dos fundadores da Escola de Barbizon na França rural. É conhecido como precursor do realismo, pelas suas representações de trabalhadores rurais.
As Respigadoras, 1857
Junto com Courbet, Millet foi um dos principais representantes do realismo europeu surgido em meados do século XIX. Sua obra foi uma resposta à estética romântica, de gostos um tanto orientais e exóticos, e deu forma à realidade circundante, sobretudo a das classes trabalhadoras.
Millet foi uma importante fonte de inspiração para Vincent van Gogh, particularmente durante seu período inicial. Millet e seu trabalho são mencionados muitas vezes nas cartas de Vincent a seu irmão Theo. As últimas paisagens de Millet serviriam como pontos de referência influentes para Claude Monet nas pinturas da costa de Normandia; seu conteúdo estrutural e simbólico influenciou Georges Seurat também.
A Pintura de Millet “L'homme à la houe” inspirou o famoso poema "O homem com a enxada"(1898) por Edwin Markham. Suas obras também serviram de inspiração para a coleção do poeta americano David Middleton “ paz habitual de Gruchy”: poemas elaborados depois de ver fotos da obra de Jean-François Millet (2005).
O Angelus, 1857-59O Angelus foi reproduzido com frequência nos séculos XIX e XX. Salvador Dalí ficou fascinado por este trabalho e escreveu uma análise dele, “O Trágico Mito do Angelus de Millet”.
Em vez de vê-lo como um trabalho de paz espiritual, Dalí era da opinião de que as duas figuras estavam orando por seu filho enterrado, ao invés de celebrar o Angelus.
Dalí insistiu tanto neste fato que um raio-X foi feito da tela e, confirmou suas suspeitas: a pintura contém uma forma geométrica pintada notavelmente semelhante a um caixão. No entanto, não está claro se Millet mudou de ideia sobre o significado da pintura, ou mesmo se a forma é realmente a de um caixão.
A pintura foi encomendada por Thomas Gold Appleton, um americano colecionador de arte baseado em Boston, Massachusetts. Appleton estudou anteriormente com um amigo de Millet, o pintor de Barbizon Troyon.
Foi o quadro concluído durante o verão de 1857. Millet acrescentou uma torre e mudou o título inicial da obra, “Oração pela Colheita de Batata” para “O Angelus” quando o comprador deixou de adquiri-lo em 1859.
Exposto ao público pela primeira vez em 1865, o quadro mudou de mãos várias vezes, aumentando apenas modestamente em valor, já que alguns consideravam suspeitas as simpatias políticas do artista.
Os plantadores de Batatas, 1861.
Após a morte de Millet, uma década depois, ocorreu uma guerra de lances entre os EUA e a França, terminando alguns anos depois com um preço de 800.000 francos-ouro.
Suas obras sobre camponeses foram consideradas sentimentais para alguns, exageradamente piegas para outros, mas a verdade é que as obras de Millet em nenhum momento suscitaram indiferença.
Na baixa intensidade de seus ocres e marrons, no lirismo de sua luz, na magnificência e dignidade de suas figuras humanas, o pintor manifestava a integração do homem com a natureza.
O seu interesse pelos valores sociais e políticos o levou a que, em 1848, se juntasse às lutas do Quartier Rochechouart.
No entanto, a necessidade de reencontro de um clima de calma para poder desenvolver sua atividade pictórica, assim como a necessidade de se confrontar diretamente com um meio rural, não contaminado e puro, levou-o à floresta de Fontainebleau, instalando-se em Barbizon, uma pequena povoação próxima dessa floresta.
A jovem pastora, 1873.Aí integrou o grupo de artistas que formam a denominada Escola de Barbizon, formada, entre outros, pelos os pintores Charles Jacques e Théodore Rousseau.
Para além da pintura, Millet abordou outras expressões pictóricas como o desenho, notáveis pela qualidade compositiva e pela simplificação das formas.
Mulher assando pão, 1854.
Jean-François Millet morreu em Barbizon em 20 de Janeiro de 1875. As maiores coleções de obras de suas obras encontram-se no Museu de Orsay em Paris, no Museu de Belas Artes de Boston e no Museu Thomas-Henry de Cherbourg-Octeville.
A Rapariga dos gansos, 1863.