Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. (23 de Junho a 18 de Setembro).
A exposição 100 Anos Nadir é uma viagem através do percurso artístico de Nadir Afonso desde os tempos de estudante, na Escola de Belas Artes do Porto, até aos seus últimos dias.
Olhos fitos numa beleza distante, a vida de Nadir Afonso traduz-se na entrega absoluta à arte e à estética como desígnio de vida. A sua história de vida traz consigo uma mensagem: uma visão original da estética e uma obra de características invulgares.
A exposição é composta por vários núcleos: um conjunto de pequenos estudos que cruzam os vários períodos ao longo de mais de 75 anos de trabalho, desde o surrealismo – passando pelo período barroco e egípcio até ao fulgor das cidades e um conjunto de telas e guaches, que evocam centros urbanos e completam o conjunto.
As cidades de Nadir Afonso são constituídas por arquiteturas de linhas e formas que, no conjunto, se modelam em volumes num equilíbrio estável; os fundos brancos imperam, as linhas que compõem os edifícios surgem numa simbiose de forma e cor. Destacam-se quer pela singularidade, quer pela vanguarda, quer pela inovação de forma.
Braga, 2005
As formas de cores variadas criam uma geografia aparente, em que a forma geométrica perfeita é desfigurada e mutilada. Os traçados geométricos concentrados evocam pontes, jardins, catedrais, construções que contrastam com os horizontes e as águas, onde as formas rareiam, como que absorvidas pela imensidão dos céus ou dos oceanos, e apresentam variação cromática.
Lyon, 2008
O pintor constrói, sugere a cidade, ora a partir da simplicidade geométrica, ora a partir de elementos progressivamente mais complexos. Telas para o futuro, diria Nadir, talvez sejam mais bem compreendidas nos tempos vindouros do que no presente.
Zurique, 2010
Para Nadir há propriedades distintas nos objetos, propriedades que os estetas negligenciam. Existem atributos qualitativos, como por exemplo, a perfeição, a originalidade, a evocação, mas existem também atributos quantitativos como por exemplo, a forma circular, quadrangular, triangular. Os atributos qualitativos não são fatos intrínsecos aos objetos, mas, sim, fatores que o homem atribui à função do objeto. Já os fatores quantitativos são fatores intrínsecos ao objeto. Ora, é a estes fatores quantitativos, intrínsecos ao objeto, que se reporta a obra de arte.
Esboços diversos
Ao longo da vida, Nadir Afonso muitas vezes apelou ao rigor matemático, acreditando que o homem antes de adquirir o sentido abstrato do equilibrio moral, possuía já o sentido concreto do equilíbrio e do rigor espacial dados pela Geometria, a sua primeira ciencia e um dos seus primeiros cultos.
Bibliografia:
Afonso, Nadir - “Da intuição artística ao raciocínio estético”, Lisboa: Chaves Ferreira
Laura Afonso – Apresentação da exposição na BNP.