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Aurelia de Sousa

 

Maria Aurélia Martins de Sousa (Valparaíso, 13 de Junho de 1866-Porto, 26 de Maio de 1922) foi uma pintora portuguesa nascida em Chile.

Os seus pais - António Martins de Sousa e Olinda Pérez - tinham emigrado do Porto (Portugal) primeiro para o Brasil e depois para o Chile. Em 1869 - quando Aurélia tinha três anos de idade - mudaram-se de volta ao Porto.

Com o dinheiro que tinham poupado na América Latina, a família comprou uma quinta, Quinta da China, na margem norte do rio Douro, perto do Porto, onde se estabeleceram. Em 1874, o seu pai morreu. Em 1880 a sua mãe voltou a casar. O seu segundo irmão nasceu deste casamento.
Em 1893 - com a idade de 17 anos - Aurélia começou as aulas de desenho e pintura com António da Costa Lima, antigo discípulo de Roquemont, e pintou o seu primeiro auto-retrato em 1889. Foi discípula de João Marques de Oliveira, que influenciou grandemente o seu estilo.

                                    Autorretrato com laço negro, 1895 - coleção privada

Quatro anos mais tarde, ela e a sua irmã Sofia de Sousa (1870-1960) foram inscritas no Desenho Histórico na Academia de Belas Artes do Porto.

Entre 1893 e 1896 participou em várias exposições, entre elas: as exposições da Academia de Belas Artes da Escola Superior do Porto Obras de Belas Artes dignas de menção (1893-1896), as exposições de Belas Artes do Ateneu Comercial do Porto (1893-1895) e outros eventos organizados por António José da Costa, Marques de Oliveira e Júlio Costa. No ano académico de 1896-1897 frequentou o primeiro e segundo anos do curso de Pintura Histórica na Academia de Belas Artes do Porto. Em 1897-1898 tirou o terceiro ano com uma nota final de 16 em 20. Em Outubro de 1898 inscreveu-se no quarto ano, mas não o terminou.

                        Estudo (mãos da artista) - não datado. Museu Nacional Soares dos Reis

Em 1899, sem uma bolsa estatal, mas com o apoio financeiro da sua irmã mais velha, Helena Sousa Dias, Aurélia mudou-se para Paris (França) para estudar pintura. Viajou pela Europa durante três anos, e em 1901 regressou finalmente ao Porto.

Durante os três anos que viveu em Paris, frequentou cursos de J. P. Laurens e B. Constant na “Académie Julien” . Nesta altura expôs e vendeu algumas das suas obras, enviou estudos ao mestre Marques de Oliveira para que este pudesse avaliar o seu progresso na arte e viajou para a Bretanha (na costa noroeste de França).

                                        Autorretrato, 1895 - coleção privada

Em 1900 pintou a sua obra mais conhecida: Auto-retrato, no qual é vista a usar um casaco vermelho. Esta obra encontra-se actualmente no Museu Nacional de Soares dos Reis, no momento s está na exposição temporária "Tudo que eu quero" no Museu de Artes Gulbenkian (Lisboa).



Nesse mesmo ano (1900), a sua irmã Sofia de Sousa juntou-se a ela em França, graças ao apoio de outra irmã, Maria Estela de Sousa. Ambas começaram a frequentar a Academia em 1900 e 1901. Em 1902, antes de regressarem a Portugal, as duas irmãs viajaram pela Europa: visitaram a Bélgica, Alemanha, Itália e Espanha. Visitaram vários museus, o que despertou o gosto de Aurélia pela pintura flamenga.



Em 1907 foi convidada por António Teixeira Lopes para presidir à Sociedade de Belas Artes do Porto, mas ela recusou o convite. Nos anos seguintes, participou nas exposições anuais da Sociedade de Belas Artes do Porto (1909-1911), expostas na Misericórdia (1908-1909 e 1911-1912) e nas Galerias do Palácio de Cristal (1917 e 1933), no Porto, e na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa (1916-1921).

Em 1921 abandonou a sua filiação na Sociedade de Belas Artes do Porto, como protesto contra o aumento das taxas de filiação e a falta de um salão de exposições.

Para além do seu trabalho como pintora, Aurélia trabalhou em ilustrações para a revista Portugália, Materiais para o Estudo do Povo Português (1899-1905), Elegia Pantheista a uma Mosca, de M. Duarte de Almeida (1874-1889) e para o livro de contos Perfis Suaves, escrito por Júlio Brandão.

Aurélia estava de má saúde e morreu na sua casa na Quinta da China, a 26 de Maio de 1922, aos 55 anos de idade.

                            Autorretrato como Santo Antonio, 1902- Casa Marta Ortigão Sampaio

No seu trabalho pode ver-se que foi influenciada pelos estilos mais inovadores que viu em França. Ela pintou num estilo naturalista pessoal, por vezes realista, impressionista ou pós-impressionista. Os seus temas incluem retratos, paisagens e cenas da vida quotidiana.


Fonte: Web Universidade do Porto

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