Marcado pelo patrimonio intelectual do romantismo, Joseph Mallord William Turner (1775-1851) não procurava, como Constable, reproduzir de modo naturalista a paisagem e o seu efeito atmosférico, mas criava metáforas enigmáticas, por exemplo sobre a origem do mundo e o movimento das forças da natureza.
Apelando para os sentidos do espectador, utilizava a cor como meio para exprimir a luta das forças elementares da natureza, que surgem, na sua obra, sobretudo sobre a forma de fortíssimas tempestades.
Turner elevou a cor a elemento composicional por mérito próprio, na medida em que a libertou das ligações ao mundo dos objetos. Os quadros de Turner já não são, por isso compostos no sentido tradicional, não tendo os objetos, na maior parte dos casos, contornos, nem sendo colocados na tela de acordo com as regras da perspectiva central.
A profundidade frequentemente dramática dos seus quadros assenta nas fortes gradações da cor, bem como nas pinceladas circulares e espiraladas, que criam um certo efeito de remoinho.
Turner, "O Bravo Temerário", 1838. Galeria Nacional de Londres