No primeiro dia de 1882, Van Gogh parte para Haia e ocupa um atelier financiado por seu irmão, Theo. Sob instrução de seu primo Anton Mauve, então pintor em Haia, resultam os primeiros quadros a óleo. É pois fortemente influenciado pela Escola de Haia, muito presa 'a tradição, tentava sobretudo reviver na pintura paisagística a “Época de Ouro” da pintura barroca holandesa.
Adriaen van de Velde foi o especialista barroco em pintar marinhas e a sua combinação de paisagem e figura, movendo-se nas margens, era ainda norma para Van Gogh. “Quando fizer paisagens, estará sempre nelas algo figurativo”, escreveu ele pragmaticamente; a tradição artística vai, pois, aqui de encontro ao seu próprio conceito pictural.
O quadro contém, todavia, disposição para autonomia de forma e cor: por exemplo, nos empastamentos, na acentuação das camadas paralelas e na variação das matizes de castanho, nota-se já uma tendencia fundamental para a abstração.
A separação, aqui iniciada, entre a cor no quadro e a cor do objeto concreto na realidade, foi o passo mais importante para a total autonomia da cor. Favorecido também pela própria tradição Van gogh iria na sua obra emprestar novas dimensões a esta autonomia.
Nessa época ainda movia-se dentro dos limites do convencional.
Curiosidade: A obra em questão foi roubada do Museu Van Gogh em 2002, mas felizmente foi recuperada e voltou ao museu em 2016.