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O Impacto da Arte Africana no século XX

 

A influência da arte africana é evidente, sobretudo, na arte de Picasso, dos jovens cubistas e dos escultores do começo do século XX. As distorções propositadas das figuras repintadas em "Les Demoiselles d’Avignon", de Picasso, (1907, MOMA, New York ) são disso um exemplo claro, tal como é a sua "Bailarina",  de 1907 (coleção de Walter P. Crysler Jr.), com as suas superfícies riscadas e castigadas com escoriações e incisões na tinta.

                                               "Les Demoiselles d’Avignon", de Picasso

De forma mais duradoura, a influência da arte africana libertou a sua atitude em relação à criação de imagens. “Uma cabeça é uma matéria de olhos, nariz, boca”, - dizia Picasso a Leo Stein -, “que podem ser distribuídos como se desejar – a cabeça continua a ser cabeça.” Picasso foi para além do romantismo do “nobre selvagem” que tinha toldado a maior parte do pensamento anterior sobre as culturas primitivas e encarou objetivamente a imagética primitiva como uma alternativa válida à tradição europeia – simplesmente mais uma forma de arte.

                                                                  A Bailarina, Picasso, 1907

As qualidades animistas das suas construções mais tardias, de 1915 em diante, também manifestam a atração que Picasso sentia pelas propriedades fetichistas das máscaras tribais.

                                                            Cabeça de Mulher, Picasso.

Também na escultura moderna encontramos, antes de mais, exemplos claros da influência estilística direta da escultura africana (em obras de Epstein, Modigliani, do grupo “Die Brucke”).

No entanto, a assimilação mais oblíqua das formas e dos conceitos africanos teve uma importância duradoura, tal como se pode ver nas obras de Brancusi, Arp, Moore, Hepworth, do jovem Giacometri e de Ernst.

                                                               Cabeça de Mulher, Brancusi

O renascimento global da escultura foi, em parte, inspirado por esta fonte, tal como o foram um novo nível de enérgica invenção formal e uma aproximação experimental aos suportes: a utilização incessante de imagens totémicas e semelhantes a máscaras deve-se totalmente à influência da arte africana.

Os artistas no começo do século XX procuraram novas formas de criar imagens, novas referências à realidade, mais adequadas às inovações radicais ocorridas na consciência moderna. A arte africana parecia mais radical e oferecia meios alternativos que eram totalmente diferentes da tradição europeia.

                                                              Artista:    Modigliani

As suas liberdades e invenções formais penetraram profundamente na iconografia da arte moderna, e a sua influência abriu também caminho a uma atitude muito mais aberta à arte de outras culturas.

E por que a arte africana nesta altura?  A resposta está nas margens da história da arte, no desenvolvimento da história econômica e política, a expansão colonial e o alargamento do comércio intercontinental.

                                                                Artista: Jean Arp

Foi, provavelmente, Maurice de Vlaminck (1876-1958) quem olhou pela primeira vez, com alguma seriedade, para a arte africana. Vlaminck adquiriu uma pequena coleção de figuras esculpidas e máscaras – algumas compradas, outras oferecidas – em 1904-1905, tendo mais tarde afirmado que as tinha mostrado a Derain e depois a Matisse e a Picasso. 

                                                                     Artista: Ernst         

Outros também reclamaram esta descoberta, reivindicações que foram impossíveis comprovar ou refutar. Também Matisse começou a colecionar arte africana em 1905 e dois anos mais tarde Picasso seguiu seu exemplo.

                                                  Máscaras Cubistas de diversos artistas


                                                                Epstein, Rock Drill.




Referência bibliográfica: “Primitivism in Modern Painting”, Goldwater R., New York. 

 


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