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Eduardo Viana, o "Cézanne" português...

 

Eduardo Viana (1881 – 1967) expos em 1911 e depois disso sua pintura evoluiu de um naturalismo indistinto para uma consciência pictural de intensidades cromáticas. Nota-se em seus trabalhos um grande gosto sensual que envolve toda sua pintura, que liga os objetos pintados para depois dá-se a abstração inicial.

Para além de suas experiências de então, (que a gente de Orfeu não deixaria de criticar ironicamente), perfilava-se uma qualidade profissional que lhe manteria uma permanente certeza plástica; impressionismo, fauvismo, cubismo, atravessaram essa certeza que Cézanne havia de justificar estruturalmente.



Em 1910 , “ O Rapaz das Louçasmarca uma etapa, sintetizando pesquisas e certezas adquiridas, ao termo de uma primeira fase da obra de Viana. Com certos quadros do seu amigo Amadeu de Souza Cardoso (1887-1918) é a obra mais importante da pintura portuguesa desse período.



Até 1925, o pintor seria, de certo modo, a vedeta da vida artística nacional, em exposições individuais ou na decoração de “A Brasileira”, no Chiado de Lisboa. Neste mesmo ano, porém, Viana partiu para Paris e para a Bégica, donde só voltaria 15 anos mais tarde, de novo trazido pela guerra. A última parte de sua carreira, mais de um quarto de século, seria vivida em Lisboa, num lento aprofundamento da obra que na primeira metade dos anos 20 se definira.

Lisboa em Festa - sem data - Palacio Pimenta

A Pousada dos Ciganos” (1922/23), “Sintra” (1925), e dois “Nus” (1925) são obras que caracterizam esse período de Viana e o melhor de sua arte, em composições organizadas segundo valores tectônicos paracubistas, que podem completar-se, porém, com paisagens fortemente cenográficas de igual construção – ou ter resposta numa franca sensualidade carnal, única na pintura portuguesa de todos os tempos.


Um terceiro volante da obra de Viana é constituído por naturezas-mortas em que a perenidade dos objetos simples garante a sua tactilidade essencial e forte. Depois de 1940 o pintor dedicar-se-ia mais a esse gênero, em um processo de economia formal, que acompanha a sua última maturidade.



Pintor Cézanneano, pintor sensual, Viana ficou na arte portuguesa da primeira metade do século XX como um dos seus casos maiores, e o primeiro em uma linha de tratamento estrutural de valores plásticos. Num quadro mais amplo podemos ainda considerá-lo como um dos últimos pintores sensuais do Ocidente.


       Museu Nacional de Arte Contemporanea - Lisboa


              Ponte D. Maria - Museu de Arte Contemporanea, Lisboa


Fonte: “O Modernismo na Arte Portuguesa”, José Augusto França, 1991, 3.a edição

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