Eduardo Viana (1881 – 1967) expos em 1911 e depois disso sua pintura evoluiu de um naturalismo indistinto para uma consciência pictural de intensidades cromáticas. Nota-se em seus trabalhos um grande gosto sensual que envolve toda sua pintura, que liga os objetos pintados para depois dá-se a abstração inicial.
Para além de suas experiências de então, (que a gente de Orfeu não deixaria de criticar ironicamente), perfilava-se uma qualidade profissional que lhe manteria uma permanente certeza plástica; impressionismo, fauvismo, cubismo, atravessaram essa certeza que Cézanne havia de justificar estruturalmente.
Em 1910 , “ O Rapaz das Louças” marca uma etapa, sintetizando pesquisas e certezas adquiridas, ao termo de uma primeira fase da obra de Viana. Com certos quadros do seu amigo Amadeu de Souza Cardoso (1887-1918) é a obra mais importante da pintura portuguesa desse período.
Um terceiro volante da obra de Viana é constituído por naturezas-mortas em que a perenidade dos objetos simples garante a sua tactilidade essencial e forte. Depois de 1940 o pintor dedicar-se-ia mais a esse gênero, em um processo de economia formal, que acompanha a sua última maturidade.
Pintor Cézanneano, pintor sensual, Viana ficou na arte portuguesa da primeira metade do século XX como um dos seus casos maiores, e o primeiro em uma linha de tratamento estrutural de valores plásticos. Num quadro mais amplo podemos ainda considerá-lo como um dos últimos pintores sensuais do Ocidente.
Fonte: “O Modernismo na Arte Portuguesa”, José Augusto França, 1991, 3.a edição