Júlio Martins Resende da Silva Dias nasceu em 23 de Outubro de 1917 no Porto, faleceu em 21 de Setembro de 2011 em Valbom, Gondomar, com 93 anos. Diplomou-se em Pintura no ano de 1945, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto e estudou as técnicas de afresco e gravura na Escola de Belas Artes de Paris, 1947/1948.
No ano de 1943 casou-se com a colega de escultura, Maria da Conceição Moutinho, expôs individualmente, no Salão Silva Porto, e participou na criação do Grupo dos Independentes, uma associação de artistas da ESBAP, como Júlio Pomar, Nadir Afonso ou Fernando Lanhas, de sensibilidades variadas mas unidos na crítica ao academicismo e na proximidade ao movimento neo-realista.
Em 1953 cria as Missões Internacionais de Arte. Em 1958 é convidado para a docência na Escola de Belas Artes do Porto. Em 1962 presta provas públicas para a cadeira de professor da mesma escola.
Docente na Escola de Belas Artes do Porto, entre 1958 e 1987, ano em que se aposentou, influenciou humana e pictoricamente gerações sucessivas de alunos. Foi responsável pelo perfil moderno que a escola ganhou a partir dos anos sessenta. Resende aprendeu enquanto olhava o mundo à sua volta, preparado com os lápis, os pincéis, as telas ou simplesmente papel. O artista aprendeu sempre, nunca se fechou na orla do mundo academico.
Autor de uma obra emblemática, reconhecida desde cedo pela crítica e pelo público como de referência, procurou num processo lento e sólido a afirmação de valores plásticos e éticos num percurso que o artista foi definindo de modo cada vez mais nítido.
No início dos anos 60 viajou por França, Itália e Inglaterra. Foi tema de uma exposição retrospetiva promovida pelo Secretariado Nacional de Informação e executou, entre outras obras, os murais do Palácio da Justiça do Porto e do Banco Pinto de Magalhães, cenários e figurinos teatrais, um fresco para o Tribunal de Justiça de Anadia, a ilustração da obra “Aparição de Vergílio Ferreira”, e seis painéis em grés para o Palácio da Justiça de Lisboa.
Nos anos 70 dirigiu a parte estética do Espetáculo de Portugal na Exposição Mundial de Osaka, realizou cenários para teatro, ballet e cinema, ilustrou obras literárias e fez várias viagens ao Brasil e a Espanha.
Na sua primeira viagem ao Brasil (1971), conheceu na Bahía o escritor Jorge Amado e o artista Mário Cravo Filho. E na de 1977, ao Nordeste Brasileiro, encontrou-se com os artistas Sérgio Lemos e Francisco Brennand.
Em 1980 participou nas comemorações dos 100 anos da ESBAP. Nos anos seguintes, decorou a Igreja de Nossa Senhora da Boavista projetada pelo arquiteto Agostinho Ricca Gonçalves, com 9 vitrais e uma escultura.
Voltou ao Brasil (Pernambuco, Baía, Recife).
Pintou o enorme painel "Ribeira Negra" (40mx3m), que ofereceu à cidade do Porto e que é uma das grandes obras de representação da cidade através das suas gentes. Posteriormente, o trabalho foi executado em grés e colocado à entrada do Túnel da Ribeira. O painel original tem espaço próprio na Alfandega do Porto, desde 2010.
Em 1989 foi tema de uma exposição retrospectiva na Fundação Calouste Gulbenkian.
Pintou quase até ao fim da vida no Porto e em 2017 nas comemorações do “Centenário do nascimento do Pintor Júlio Resende” a sua vida e obra foram revisitadas. O programa arrancou oficialmente a 23 de outubro no “Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende”, com a inauguração da exposição “Antológica – Resende”, na sala das exposições temporárias, de uma Linha do Tempo na sala do Acervo, e d’ “Evocação” da intimidade do artista na casa-ateliê.
Curiosidade: Em 1940 desenhou a lápis
“Retrato da Minha Avó”, trabalho que assinou
com o apelido materno – Resende – e que veio, como artista, a
manter definitivamente.