Pedro Américo, cujo quadro “Independencia do Brasil” ou “Grito do Ipiranga”, foi reproduzido nos livros de História do Brasil desde o século XX, também foi o pintor do primeiro “nu frontal” brasileiro, “A Carioca”, de 1882.
O quadro, pintado em Florença, recebeu medalha de ouro na 17a. Exposição Geral de Belas Artes no Rio de Janeiro. Pedro Américo, muito feliz, resolveu enviá-lo ao Palácio Imperial como um presente para a coleção de artes de D.Pedro II, graças a quem havia podido estudar em Paris.
Acontece que, o Mordomo-Mor da Casa Real, Paulo Barbosa, que era também deputado pela provincia de Minas Gerais, devolveu o presente com uma nota em que classificava a pintura de “extremamente sensual, fora dos canones clássicos e não enquadrada no que o Imperador considerava conveniente para retratar a história do país”.
Sob o ponto de vista estético, a obra tem uma clara influencia do Classicismo de Michelangelo, com desenho firme e anatomia vigorosa.
O problema de Pedro Américo foi o nome que deu ao quadro. A Corte não queria que a Europa imaginasse uma descendente européia nua. Se o título do quadro houvesse sido, por exemplo, “A India Poti”, tudo estaria de acordo com as convenções. O exótico indígena era admitido e elogiado, uma dama carioca despida, não.