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Almeida Junior: Uma aproximação realista ao cotidiano


Almeida Júnior (1850-1899) revela desde cedo inclinação para o desenho e pintura e aos 19 anos parte de Itu (SP), sua cidade natal, para o Rio de Janeiro, com a ajuda financeira de parentes e amigos, a fim de ingressar na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba. 

De volta a Itu en 1875, oferece seus serviços em ateliê próprio como professor de desenho e pintor. Realiza uma série de encomendas, principalmente retratos. Entre eles, o de Antônio Queiroz Telles, presidente da Estrada de Ferro Mogiana e de Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra, o Barão de Jaguara, vice-presidente da provincia de de São Paulo. 


São essas obras as principais responsáveis pela bolsa de estudos de aperfeiçoamento no exterior oferecida ao artista pelo imperador Dom Pedro II.

Volta ao Brasil em 1882 e realiza exposição de suas obras européias na Academia Imperial de Belas Artes. Ao instalar nesse ano seu ateliê em São Paulo, torna-se um dos responsáveis pelo amadurecimento do meio artístico paulista, pois além de estabelecer uma relação mais moderna com o mercado local, promovendo vernissages exclusivos para imprensa e potenciais compradores ou redigindo textos informativos sobre os quadros, contribui para a formação de novas gerações de artistas, tendo sido Pedro Alexandrino o mais bem-sucedido entre eles.

Em concomitância com outros gêneros de pintura, Almeida Júnior realiza na última década de sua vida o conjunto de telas de temática regionalista pelo qual viria conquistar definitivamente seu lugar na história da arte brasileira. 



Em pinturas como Caipiras Negaceando(1888)Caipira Picando Fumo(1893), Amolação Interrompida(1894)Apertando o Lombilho (1895)O Violeiro(1899) revela-se a admiração por pintores não-acadêmicos, mas de grande importância na França do século XIX, com o realista Gustave Courbet (1819 - 1877) ou Jean-Baptiste-Camille Corot (1796 - 1875). 

Há o desejo de aproximação realista ao cotidiano do homem do interior sem o filtro das fórmulas universalistas da pintura acadêmica. Por isso, não hesita em retratar o caipira em seu ambiente pobre e simples, em sua vida calma e triste, sem nunca ridicularizá-lo ou transformá-lo em personagem pitoresco.

Contudo, é preciso lembrar que apesar das inovações introduzidas nessas telas, começando pela temática, mas contando a luminosidade solar presente no clareamento da paleta e a gestualidade mais livre, Almeida Júnior não abandona as lições de desenho e composição geométrica de sua formação acadêmica.


Seus quadros caipiras e sua  pintura de genero, em geral com cenas do cotidiano burguês (por exemplo Leitura,de 1892) são bem aceitos pela burguesia empenhada na construção de uma imagem e história para si mesma, a história do povo paulista. Mas vale dizer que quase todos os críticos de arte contemporâneos e posteriores ao artista celebram nele o que vêem ser um primeiro arroubo do caráter nacional na pintura brasileira, até mesmo intelectuais em lados tão opostos como é o caso de Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Mário de Andrade (1893 – 1945).


A exceção comparece no crítico carioca Gonzaga Duque (1863 – 1911) em texto sobre o salão de 1904, no qual lamenta o fato de Almeida Júnior ter-se transformado num pintor pastoso, amaneirado e duro, criticando a "intermitente pretensão de fundamentar uma arte nacional com a pintura de costumes".

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Fonte: ALMEIDA Júnior. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020.
ISBN: 978-85-7979-060-7



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